O mês de
setembro foi especial para a escola. Depois de estudarmos sobre a vida e obra
do artista catalão Joan Miró (1898/1989), tivemos a chance de visitar a
exposição “A Força da Matéria”. É a
primeira vez que 140 obras do artista, entre gravuras, pinturas, esculturas e
desenhos saem da Espanha para uma exposição.
Conhecer
pessoalmente as obras de um artista que estudamos é um privilégio e abre espaço
para outra forma de lidar com o universo da arte. Diferente de observar uma
pintura ou escultura impressa em um livro, estar em um espaço pensado
especialmente para viver a experiência estética, suscitou muitas questões,
observações e vivências.
Descobrimos
que havia uma gravura que vimos ao vivo e que também figurava em uma das fotos
do artista em seu ateliê, deixando uma sensação de que olhamos para um objeto
duas vezes, em tempos e espaços diferentes.
Uma meta imagem, bem ao nosso alcance, um dos exemplos de maravilhas
que acontecem no universo da arte...
Vimos
que Miró utilizava muitas superfícies diferentes, madeira, papelão e até outros
quadros já pintados. Durante a visita escutei que podíamos fazer isso também,
usar materiais que temos à disposição e que nem pensamos poder fazer parte de
uma produção em arte. Cada um tinha sua ideia, uma melhor do que a outra. A
força da matéria estava fazendo cada vez mais sentido para as crianças e
adultos que viveram a exposição.
As
esculturas mereciam um escrito à parte, tamanho encantamento que provocou em quem
teve o prazer de ver de perto a materialidade do bronze nas coisas mais
simples. Elementos comuns à vida cotidiana receberam importância com o olhar
sensível de Miró. As esculturas ganharam vida com as crianças ao seu redor.
Descobrindo elementos, ganhando apelidos, incorporando histórias.
Cada
obra guarda inúmeros segredos, a história de como surgiu, em que contexto, e
este é o objeto de estudo que guia a incursão no universo da arte e do artista.
Nossa matéria prima. Poder encontrar pegadas do artista em uma gravura deixou
um suspiro no ar, muita emoção de pensar na forma que esta obra se
materializou, estava no chão, Miró caminhava ao seu redor e até pisava sobre
ela. Quantas possibilidades de pensar a arte.
De
volta ao universo escolar tudo havia se transformado, até o vocabulário
indicava as mudanças causadas pela força da matéria. “Eu vou fazer uma
escultura” (Jardim 5), “Vou fazer como Miró” (Jardim 4), “Não importa se está
perfeito, importa o que eu sinto” (2º ano), “Parece um símbolo saído do quadro de
Joan Miró” (3º ano), “Quero usar as mãos” (5º ano), “Vou usar o preto de outro
jeito agora”, “Quem não gosta de manchas não entendeu nada de Miró” (1º ano)...