Borboletas

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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Grafitando... Uma experiência estética, criadora e poética de estar no mundo.

Este trabalho aconteceu em comemoração aos 9 anos da Escola dos Sonhos. O ensino Fundamental estudou o grafite em vários momentos diferentes e com diversos pontos de vista. A pré-história foi um início interessante e relacionar as inscrições nas paredes das cavernas com os grafites pelos muros da cidade foi um passo quase natural.
O olhar dos adolescentes começou a procurar nestes trabalhos pelas ruas cores, inscrições, e novas significações. A construção deste  olhar abriu possibilidades de trabalharmos o desenho, e a pintura em sala de aula. Mas a cada passo dado aparecia a grande questão: a enorme vontade de provar a técnica do grafite “de verdade”. Pintar um muro. GRAFITAR.
Minha primeira preocupação foi o fato de não dominar a técnica e de conhecer muito pouco o material, grafitar neste caso, poderia ser uma vivência frustrante. A segunda preocupação leva em conta o número de alunos,  como eram 3 turmas, 6º, 7º e 8º, como propiciar que todos tivessem a chance de viver esta experiência verdadeiramente?


Meu primeiro contato foi com o artista Paulo Gouvêa, conversamos sobre as possibilidades de se trabalhar com os alunos e que eles pudessem participar de todo o processo de criação, desde a elaboração do que será grafitado, até a própria execução. Paulo sugeriu mais 3 artistas para poder dividir o numero de pessoas e desta forma dedicar mais tempo a cada aprendiz. E pensamos em  trabalhar durante dois dias, na verdade, duas manhãs inteiras. Rodrigo Rizzo, Vejam e Driin foram escolhidos para este momento tão esperado.



No primeiro dia de “grafitagem” o clima era de muito entusiasmo. Os artistas chegaram e era tanta expectativa, olhares curiosos de ambas as partes. A conversa inicial aconteceu na frente da parede branca que já estava preparada para receber a arte coletiva.



 Os alunos sugeriram assuntos e depois escutaram como os artistas iam tratando de pontos essenciais para a realização do trabalho. Depois de muita conversa que girou em torno de assuntos como a guerra, o planeta, a água, a violência, o tema a ser grafitado foi ganhando forma e recebeu o título de: VIDA. Definir o espaço que cada um ocuparia e a divisão dos grupos foram medidas importantes para organização do início do processo. Na parede ainda branca algumas técnicas foram apresentadas aos estudantes que já estavam entusiasmados para colocar a mão na massa. A cooperação e o respeito são de fundamental importância num trabalho coletivo desta dimensão e também fazem parte do caráter do grafite enquanto linguagem artística que está nas ruas e ocupa lugares onde transitam pessoas o tempo todo.
          O segundo dia trouxe para os artistas e estudantes um novo desafio, pintar uma enorme caixa d’água localizada no estacionamento da escola. Novas conversas e sugestões e o tema que agradou a todos foram às quatro estações. Os grupos foram se definindo de acordo com as preferências relacionadas a diferentes épocas do ano.

"Vida"

"O Inverno"

"A Primavera" e "O Outono"

"O Verão"
              Quando planejei este projeto previ muitos momentos divertidos envolvendo o fazer artístico, mas o que vivemos nessas manhãs pertencem a outra dimensão. Sensações que nos levam a desejar conhecer mais e aproveitar mais cada minuto.  Ninguém queria parar, nem para beber água, nem para lanchar. O intervalo nos dois dias aconteceu depois que o dedo já não aguentava mais apertar o spray. O tempo mudou. O espaço mudou. A escola mudou. Sem precisar dizer nada vivemos aquilo que a arte tem para oferecer, aquele espaço entre a realidade e a existência que por momentos é mais vivo que qualquer outra coisa.
              Nos vemos em breve!!!!! Beijo!
              Fernanda Werneck

3 comentários:

  1. Muito bom o seu texto...
    Finalmente vc pode ver seu sonho se realizando como professora de artes. Tanto estudo, tanto empenho começam a brotar agora, num trabalho que vem elaborando há muito tempo. Vc começa a concretizar o que vinha fazendo nas salas de aula. Parabéns, e que vc tenha o reconhecimento na dimensão que merece!

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  2. Lendo o texto parece que pude ver (imaginar) os alunos conversando, participando e colocando a mão na massa! Sempre admirei a arte em torno da escola, mas após a leitura deste texto com certeza o meu olhar sobre elas será outro! deu vontade de ter estado lá com vcs.
    Parabéns pelo texto Fê! Amei

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  3. 'como propiciar que todos tivessem a chance de viver esta experiência verdadeiramente?'
    que trabalho fantástico, grata por postar e fazer agente vivenciar também!

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